quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Re-re-re-revisando.....

Vamos começar pelo texto sobre Star Trek aqui.

Re-lendo o texto do Jason Mittel sobre Lost, me veio uma grande pergunta: o que há de tão bom em lost? não consigo pegar o ponto exato onde a série me desagrada, mas tudo bem, isso é outra história.

No texto, ele aponta o "Propósito Unificado" de Lost, onde cada episódio faz parte de algo maior. As pessoas que eu conheço que assistiram Lost sempre me falam a mesma coisa: Se você perde um episódio, fatalmente você vai deixar de entender algo no próximo ep. Isso mantém a história coesa (não impediu a série de ter um final tosco, mais tudo bem), e dá uma continuidade geral a história.

Não, Jornada não tem isso.
TNG foi pensada como um revival da série original, trazendo os temas para os dias de hoje (anos 80). nela, cada episódio é quase que único. Existem diversos eps que podem ser ligados por arcos (Normalmente, episódios que tratam da mesma civilização, ou do mesmo personagem, Ex: The Best of Both Worlds 1 e 2, comentados no post anterior, e Q Who pertencem a um mesmo arco, que trata dos Borg). A única outra série que me vem a mente agora, que possui esse mesmo fator é Babylon 5, que eu infelizmente nunca assisti, mais que foi pensada para 5 temporadas, cada uma sendo como um capítulo de um livro).
A grande garantia de que TNG não sairia dos trilhos, era o próprio criador, Gene Roddenbey, e a base de fans, que rapidamente a abandonaria, caso ela não fizesse mais sentido.


Assim como Lost, Jornada não é uma série para qualquer um, porém, o motivo se diferencia. Um fã de Lost se torna quase um detetive, procurando pistas e detalhes que levem a compreenção maior da série. Isso se deu por blogs, youtube, foruns, conveções e o que mais eles conseguiram inventar.
TNG começou a passar na década de 80, uma época onde Internet era uma coisa de algo além do nerd. porém haviam os fanzines e as revistas especializadas (no brasil havia a Diário de Bordo, que depois migrou para a internet nos anos 2000, e agora desapareceu de vez) Mais mesmo essas publicações falavam mais da série em geral do que de seus detalhes e tramas. os numeros da diário que cheguei a ter em mãos tinham diversos artigos sobre episódios futuros (que normalmente tinham sido traduzidos de alguma revista estrangeira) sobre os atores, sobre os filmes, mais muito pouco sobre os mistérios da série.
No geral, Jornada nunca foi de fazer muito mistério, ela era mais voltada para o entreterimento dos fãs, porém sempre tratou de temas maiores, um exemplo disso é o primeiro episódio da nova geração, onde o capitão da nave é colocado em julgamento para responder pela história de toda a humanidade, que é julgada pela entidade Q(que voltaria a aparecer na série diversas vezes), que considera os seres humanos como bárbaros, indignos de explorar o espaço.

Mais voltando ao assunto, o maior segredo de Jornada sempre foi o próprio vazio do espaço, e o que seria encontrado lá, e os fãs, por mais fãs que fossem, sempre esperaram pelo próximo episódio para responder isso. essa idéia do fanatismo forense surgiria depois, com a internet e os episódios em DVD, mais se limitaria a descobrir pequenos easter eggs que a direção de arte deixava (os Okudagramas, nomeados em homenagem a seu criador, Michael Okuda) portanto, meio ponto para jornada neste aspecto

Há uma certa complexidade narrativa em Jornada, porém ela some se comparada a de lost. Jornada é uma série de nome, onde o importante era agradar os fãs, creio que uma série como lost não funcionaria na época de jornada (da mesma forma como jornada parece ultrapassada hoje) Há alguns episódios que tentam fazer algo mais assim, porém são formulas que hoje já nos são conhecidas (se algum personagem importante morre nos 10 primeiros minutos do episódio, você pode ter certeza que o episódio vai ser sobre viagem no tempo ou deja-vu).

Jornada possui, de alguma forma, essa estética da surpresa, mais ela é aplicada em doses controladas. no episódio que analisei anteriormente, a assimilação do Capitão Picard vem como uma grande surpresa. e ao longo de suas 7 temporadas, possui alguns sustos e cliffhangers, mais nada que realmente surpreenda, ou mude as regras. ela é, desde o iníco, uma série clássica de ficção científica (ó, a ironia...). Ela acaba se preocupando mais com os temas que aborda, que fazem o espectador pensar, do que em surpreender quem a assiste.

Tendo a obrigação de ser sucessora em nome e espírito de uma das séries mais famosas da história da TV, TNG cumpriu tão bem o seu papel que conseguiu se igualar a série original no coração dos fãs. também gerou 2 spin-offs de sucesso (Deep Space Nine e Voyager), e 4 filmes. Ela não atinge os critérios estabelecidos por Mittel, porém, ela nunca os almejou. A intenção de TNG sempre foi a de trazer o universo de Star Trek para uma nova época.Objetivo que foi muito bem atingido.

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