sábado, 8 de outubro de 2011

A construção da narrativa

Nunca tinha parado para pensar o quanto a estrutura e os conceitos existentes dentro de um jogo podem ser pensados. Pensado por essa perspectiva, eu percebi que o divertimento é um fator que acaba sendo acrescentado mais por parte do próprio jogador. E não é só a diversão que nasce ou cresce através do jogador, a própria narrativa do jogo, sua história, seus acontecimentos e desfechos dependem da interação do jogador com o universo dado, criando a partir dele sua própria experiência. Desde os primeiros jogos de atari, passando pelo composto de fases até as competições online, a narrativa é construída pelo jogador. Claro que o criador de determinado jogo tem uma grande influência na história que está sendo contada, mas ele apenas conduz o jogador para um objetivo final, o jogador que terá que escolher por qual caminho seguirá.


Percebi muito isso ao jogar “Continuity”, durante vários momentos buscava um caminho demasiado complicado apenas porque na minha cabeça a dificuldade deveria aumentar de acordo com os níveis. Fiquei meio perplexa quando saia de uma fase muito difícil e me deparava com uma fácil demais, demorava um tempo para descobrir o que deveria fazer por ser muito simples. Demorei um pouco para aprender a usar a meu favor a liberdade dada ao usuário para congelar o personagem no meio de um salto, ou a noção de espaço de um quadro para outro. E o que acho mais interessante é como o usuário se tornou explorador. A melhor forma de descobrir como se joga determinado game sempre foi jogando, mas na maioria das vezes havia a possibilidade de se ler as regras. Cada vez mais o fato do jogador aprender jogando faz parte da estrutura do jogo, e até mesmo foi construído com essa finalidade.



Um comentário:

  1. Muito bacana :) Gosto de como esse jogo trabalha uma certa noção de montagem em continuidade, tal qual ela foi inventada pelo cinema há mais de 100 anos. Como diz McLuhan, o conteúdo de um novo meio é o meio anterior, ou seja, quando surge um novo meio, ele tende a emular o meio anterior, enquanto vai descobrindo a sua própria linguagem. Acho que os games tão ainda no começo dessa jornada, mas já começando a andar com as próprias pernas. E é importante notar que os games emulam várias linguagens, não só o cinema. Ah, como quase todos os casos, recomendo a releitura com mais atenção do texto, para evitar alguns casos de erro de concordância verbal e outras desatenções (como atari em minúscula). Tente também usar mais links, inclusive para o jogo.

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