terça-feira, 29 de novembro de 2011

Referências - Projeto Olhares

Direção de Multimídia - Lucas Bambozzi

O projeto Olhares – que será apresentado de 05 a 09 de Dezembro no Estúdio 1 do Centro Universitário SENAC – é uma instalação que pretende fazer com que os visitantes pensem como as discriminações e os preconceitos de um indivíduo podem afetar a sociedade como um todo. Para isso, os visitantes terão que passar por duas salas, cada um com uma explicação e uma decisão ao final, e uma terceira e com a resolução.

A primeira sala, chamada de Adoção, explora o preconceito sexual. No vídeo conhecemos Marcelinho, um garoto querendo ser adotado. Na instalação, estamos envoltos em um universo infantil, fofo, aconchegante. Após a apresentação de Marcelinho, o visitante poderá escolher – dentre uma série de opções – as características que a ‘mãe ideal’ para ele teria. Ao confirmar suas escolhas, somos apresentados à mãe ideal, que diz que antigamente era um homem e após uma cirurgia para mudança de sexo, hoje é mulher. Esse vídeo e o que a atriz fala, é inspirado em diversos vídeos de entrevistas e uma longa pesquisa da equipe. Alguns destes vídeos podem ser conferidos nos links: http://www.youtube.com/watch?v=gm3pCgC_7E8 (Lea T no programa De Frente com Gabi) e http://www.youtube.com/watch?v=HC57MOD4Xqw (um programa americano – 20/20 – falando sobre crianças transexuais). Nossa referência nessa sala veio de sensações pessoais. Gostaríamos que a pessoa se sentisse no lugar de Marcelinho, uma criança – para isso usamos formas nas paredes – abandonada, porém feliz – o ambiente é aconchegante.

Na passagem para a segunda sala, o visitante sente a diferença de um lugar gostoso para um lugar ruim. A segunda sala é um quarto do tamanho da primeira, com pouca luz e com paredes escuras. Representa uma cela de prisão e, nela, conhecemos a história de um ex-presidiário que agora busca um trabalho. Após conhecer a história do ex-presidiário e da empresa de família, o visitante tem que decidir se o contrata ou não. Nossas referências para essa sala veio de diversos filmes e fotografias do antigo presídio Carandiru. Entre eles, podemos destacar: O Prisioneiro da Grade de Ferro (Documentário – Paulo Sacramento, 2004); Carandiru, Outras Histórias (Série – Hector Babenco, 2005); Carandiru – Registro Geral (Livro de Fotos – Hector Babenco, 2003) e Vestígios: Carandiru (Catalogo de exposição realizada no Centro Cultural São Paulo – Ricardo Hantzschel, 2004). Todos esses filmes e livros de fotos ajudaram a construir a identidade do nosso personagem, pois queríamos alguém que se arrependeu do crime e usou o tempo na cadeira para estudar, e para construir o cenário. Essa sala trata do preconceito social.

A terceira e última sala é a resolução final. Nossa maior referência no estilo dessa sala é o projeto Seis Bilhões de Outros (www.6bilhoesdeoutros.org), uma exposição organizada e realizada por Yann Arthus-Bertrand, Sybille d’Orgeval e Baptiste Rouget-Luchaire. Nessa instalação, o visitante era levado para o mundo de milhares de pessoas e conheciam histórias pessoais de cada uma delas. O projeto foi realizado em 75 países e mais de 5000 pessoas participaram respondendo mais de quarenta perguntas sobre seus medos, sonhos, problemas e esperanças. Essa exposição nos inspirou para fazer o vídeo-mapping da nossa última sala, no qual entrevistamos diversas pessoas (transexuais, assistentes sociais, psicólogos, advogados, ex-prisioneiros, donos de empresas que contrataram ex-prisioneiros, etc...) que tinham algo relevante para dizer sobre os assuntos tratados nas duas primeiras salas. É importante ressaltar que não deixamos claro se há certo ou errado nas respostas dadas pelo visitante – nem damos uma finalização ou diferenciação pelas respostas escolhidas. O que queremos mostrar é que há um mundo muito maior do que o que podemos ver. Por exemplo: há transexuais querendo adotar e há crianças precisando de pais. Assim como há empresas procurando empregados e há ex-presidiários que desejam trabalhar. Mas, ao mesmo tempo, isso não significa que podemos dar a criança para todos os transexuais (ou homossexuais, ou bissexuais), nem contratar todos os ex-presidiarios.

As escolhas que fazemos interferem não só na vida das duas pessoas da questão (criança/transexual; ex-presidiário/dono da empresa), mas sim em todos que estão em contato com essa relação, mesmo que indiretamente. Para que conseguíssemos passar essa idéia, fizemos uma grande pesquisa para todos as salas e preconceitos tratados. Com filmes, séries, documentários, entrevistas, livros, fotos e instalações, conseguimos chegar o mais próximo possível do idealizado.

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